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26 de novembro de 2008

Espiral do tempo

Espiral do tempo

Curiosa...sempre tinha sentido essa comichão na ponta do nariz que a levava a ser um pouco indiscreta.

Não era por maldade, apenas gostava de saber o que se passava do outro lado do muro. Acreditava que um dia encontraria uma outra cor para o céu, num desses seus olhares fugidios.

Não que desgostasse desse azul que unia num abraço sem fim o céu e o mar, mas porque achava que sendo o mundo tão grande haveria por certo um outro tom para pintar o seu céu.

E assim trepava às árvores mais altas, espreitava por todos os buracos que encontrava, subia aos muros mais íngremes...mas apenas as tonalidades de azul variavam.

Cresceu com os dias que se tornaram anos e o seu sonho foi ficando adormecido naquele baú que guardava nas paredes escuras do sótão.

As cores murcharam com as estações que já não brincavam com ela, o mar afastou-se do céu e deixou de ser o seu confessor das horas melancólicas...perdeu-se na espiral do tempo que a afogou em compromissos e sorrisos apagados.

Cansou-se, cansada do esboço que tinha delineado para si...sentia-se igual, cópia das cópias que a confundiam e naquele dia tão igual a todos os outros encontrou um buraco como aqueles que lhe faziam brilhar o olhar na sua infância...parecia um óculo para um outro mundo!

-Não entressssssss

O eco invadiu todo o espaço. O grito soou aflito aos seus ouvidos, mas agora já era demasiado tarde.

O espaço era o seu e seu era também o corpo que se moldava numa panóplia infindável de sensações estranhas.

Lembrava-se perfeitamente do momento em que tinha decidido entrar naquele túnel que lhe pareceu sem fim.

Entre o desconhecido e a pálida certeza dos dias iguais apostou no risco da diferença.

Agora enquanto a descida se processava entre cambalhotas e suaves deslizes aquela voz seguia-o sem cessar!

Em melodias suaves mas persistentes convidava-a a regressar...a estar sem ser!

Mas ela sabia que voltar atrás era impensável tinha entrado numa espiral onde os círculos venciam, porque não tinham princípio nem fim.

Sempre tinha preferido os começos...como se os fins mais não fossem do que um vazio profundo de um tempo fora do tempo!

Já não tinha medo... afinal esse vazio não era tão escuro como pensava!

Na sua imaginação, na dança dos sentidos que não tinha perdido nessa fuga irreal conseguiu adivinhar um esboço de luz, como se de um pirilampo perdido num espaço sem tempo tivesse chegado até ela.

E aos poucos a luz feriu-lhe a visão, inebriou-o com um aroma desconhecido como um canto de sereia coberto de selvagens amoras de um rubro toque desconhecido.

Nas rugas daquele fim de tarde que pensou já ter vivido outrora descobriu que o Outono ainda não tinha chegado àquelas árvores que lhe serviram de paisagem de fundo para longas viagens num oceano onde as águas azuis se tinham tornado o seu caminho para a vida!

Por: Carla Marques
Blog: Palavras em desalinho
"Todos os direitos de autor reservados"

26 comentários:

Teresa Durães disse...

gosto da fotografia com o seu espaço rodeando a paisagem

Cadinho RoCo disse...

Trazer o irreal para a realidade das palavras é sempre fascinante.
Cadinho RoCo

:.tossan® disse...

Sempre tento passar a utopia para real quando for possível, como no caso desta linda imagem. Um Belo texto que te acompanha. Abraço

maria inês disse...

excelente esta vossa "combinação"!
Parabéns pela escolha musical!

gaivota disse...

a fotografia que aqui deixas está demais!e com o texto da carla e esta guitarrada... já me ficava por aqui mais tempo, se pudesse...
beijinhos

claras manhãs disse...

Espreitar por um canudo....
Uma ideia sensacional e que saiu perfeita.
O texto da Carla acompanha 'divinamente'.


Nuninho
já tentaste o Pelouro da Cultura da Câmara de Sintra?
Dizem que costumam ser sensíveis a esse tipo de pedidos.

Beijinho aos dois

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querido Nuno, esta foto está magnífica...Lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
O texto da Carla, acompanha-a muito bem e está belíssimo...Beijinhos de carinho e ternura,
Fernandinha

Eme disse...

Para a Carla
tenho de confessar Carla que hoje me surprendeste, a tua escrita tem vindo a evoluir bastante e neste texto, bem.. estás no ponto. Adorei simplesmente, talvez porque tenha sentido aqui muito do meu estilo. Com excepção do ponto de exclamação no fim´, porque gosto de acabar a leitura com o mesmo tom sereno que o texto inteiro transmite. Estás de parabéns mesmo.

E tu meu querido Nuno, do teu talento já sei muito, mas que também andas a evoluir em originalidade também o sei. Cada vez gosto mais das tuas fotos, e o projecto do livro é fantástico, creio que com paciência e preserverança conseguirás realizar o projecto e eu estarei para te apoiar.

Beijos

pin gente disse...

gostei muito, nuno e carla.
estas coloborações são tão gostosas não são?

beijos aos dois.
luísa

Anónimo disse...

Uma visão diferente de uma bonita paisagem, olhar bonito de quem está sempre muito atento aos pormenores, quanto ao livro, haja neste nosso País quem tenha sensibilidade para as coisas bonitas, espero que consigas.
parabens tb pelo texto.
bjs.

Eu

jorge vicente disse...

um beijo azul para um texto tão bonito, carla.

e um abraço azul para ti, nuno,
por este blog.

jorge vicente

Carla disse...

Amigo
Obrigada por me teres "oferecido" a tua bela foto para espalhar sobre ela as minhas palavras. Detectei uma gralha na penúltima frase está onda, em vez de onde...desculpa por vezes acontece
Passei para te deixar um beijo e desejar um bom fim de semana

Anónimo disse...

Belissima conjugação de imagem e escrita da nossa querida Carla...

Parabens ao dois...

Beijo doce



À Flor da pele

nuno medon disse...

Olá! Bonita foto e lindo texto, escrito pela Carla. Abraço e beijos para a autora. bom fim de semana

Anónimo disse...

Que belo texto, parabéns a quem soube dar-nos este belo aroma de suas palvras em conjunto com esta bela imagem, sim, há sempre uma luz :)

http://fontesefontanarios.blogspot.com

Pearl disse...

Lindo como tudo o que a Carla escreve a foto está de acordo com as suas palavras!
Num todo, adorei parabéns!

beijos

Ricardo Silva Reis disse...

Partilha, cumplicidade, qualidade, enfim, um para o outro.
Belo texto e uma bela fotografia.
Esta iniciativa está condenada ao sucesso.
Parabens

Vanessa V. disse...

A fotografia está perfeita e o texto, como sempre, as palavras dessa menina são fantásticas :)

Viviana disse...

Olá Nuno, meu bom amigo

Muito linda a foto e muito lindo o texto.

Parabens.

Quanto á publicação do livro, creio que é uma óptima ideia.

O meu amigo vai conseguir.

Fico muito contente com o progresso e vitórias alcançadas.

Vá em frente.

Um abraço
viviana

isabel mendes ferreira disse...

passo aqui "montes de vezes" presa desta espiral....onde me respiro com luz ao fundo.


amo esta fotografia.!!!!!


beijos Nuno!

xistosa, josé torres disse...

Esta espiral não é ilimitada, como tudo o que é humano.
Talvez nem seja bem uma espiral, mas uma quimera, uma ilusão óptica.
Uma curiosidade ... pelo azul, pelo mar reflectido ou pintado.
Conforme crescemos, desenvolve-se em nós os anseios que nunca pensámos crescessem reais.
Depois entramos no volitar, num engano que sabemos de antemão conduzirmo-nos através de caminhos desconhecidos.
Corremos riscos.
Os riscos de nos apaixonarmos, de começarmos e acabarmos ... mas sempre juntos, espreitando o mundo pelo inebriante olhar dum duo.

Já quando as rugas invadem a paisagem, sentimos que a espiral sempre tem um fim.
Especialmente um fim de Verão, que aguarda o outono para se aquecerem mutuamente.
Que me perdoem.
Nuno e Carla.
Inebriado, nem sei se pela imagem, se pelas palavras, dou duas braçadas nas águas límpidas e afasto-me desta obra apilarada, não só do Nuno, como da Carla.

Obrigado aos dois.

A vida é uma simbiose e se perfeita, é uma obra quase

Maria Clarinda disse...

Nuno, maravilha a foto e o texto!!!
Adorei. Jhs muitos

Maria Clarinda disse...

Ah, esqueci-me de dar um beijo à Carla pelo texto lindo!
Um jinho para ela

Desnuda disse...

Fotografia e texto fantásticos! Uma belíssima união de artística sensibilidade entre ambos.


Beijos Carla e Nuno! E um lindo fim de semana!

... disse...

Oi Nuno
Li teu comentário em meu blog. Realmente não sei português, tenho instalado um tradutor. Assim que quando quero que me entendam algumas palavras que podem ser diferentes, uso-o. As vezes lhe tenho medo a que traduza mau jajaja. ¡Já vejo que diz outra coisa!
Graças por tuas palavras.
Passarei para o fim de semana a ver se tens novos trabalhos,
amanhã não estarei.
Um abraço.

Me agrada esta imagem, muito bonita e criativa.

Carla Alves disse...

Olá Nuno,

Adoro esta fotografia! Há algo de tão natural e tão enigmático ao mesmo tempo que realmente capta a nossa atenção prendendo – nos o olhar.
O texto está magnifico! Parabéns aos dois!

Abraço,

Acerca de mim

A minha foto
Nasceu na maternidade Bensaúde na freguesia da Nossa Sr.ª de Fátima em Lisboa, no dia 9 de Abril de 1966. Vive presentemente em Mem Martins, concelho de Sintra, distrito de Lisboa. Fotógrafo por paixão, desde bem pequeno sempre admirou os trabalhos de outros fotógrafos mas só de há dois anos a esta parte se dedicou a esta bela arte. Amador e autodidacta, tem tentando aprender os segredos da fotografia; fez recentemente um curso de iniciação à fotografia e pretende fazer mais alguns. Tem ainda aprendido com outros fotógrafos, observando e lendo muito sobre o assunto. Sendo hoje um hobby, gostaria de um dia poder ir mais longe, quem sabe ligado profissionalmente a esta área, hoje é administrador de um site de fotografias nacional: www.fotogenico.net, venha inscrever-se é gratuito. Realizou algumas exposições de fotografia (“Sorrisos” e “Mar”), doando o seu trabalho em prol de um projecto de ajuda aos Mininos di Rua em Cabo Verde. Tem algumas galerias na Internet e um blog onde vai dando a conhecer o seu trabalho. Fotografias de maior interesse: Paisagens, macros, mundo animal, retratos, pôr e nascer de sol, arte digital, desporto e acção, fotografia ligada à nossa história.

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