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8 de julho de 2008

Vamos viver até aos 100 anos!

Vamos viver até aos 100 anos!

- Pai!
- O pai tem que acabar este artigo, filhote!
- Mas olha como correm estas sapatilhas que me diste!
- As sapatilhas correm? Como assim? Julgava que eram as tuas pernas!
- E são! Mas com estas sapatilhas é que eu corro muito, a toda a veçolidade!
- Velocidade, Campeão! E não é diste, é deste!

….

- Não voltes a dizer isso! Vamos durar até aos 100 anos, meu Amor! – E disfarçava a lágrima que teimava em querer toldar-lhe o olhar e que não deixava vê-la.
- Até aos 150! – Dizia-lhe, enquanto lhe pegava na mão e a levava à face, fechando os olhos.
- Estás cansada? Queres dormir um bocadinho? Eu corro a persiana para ficar o quarto na penumbra!
- Está muito sol? – Perguntou-lhe, voz suave, enrolada num cansaço que já não disfarçava. Não havia segredos, entre os dois.
- Está ameno, meu Doce! Finalmente chegou a Primavera! Queres água ou um chá fresquinho?
Ia deixando que ela afagasse com a sua mão na dela, o rosto, sentindo no gesto, a vontade que ela sempre mantinha, de que ele a sentisse, a tacteasse…
- Estou bem. Estás aqui, comigo. Estou mesmo bem. Importas-te que feche os olhos, um bocadinho? Não te esqueças de que hoje o João tem ginástica. Ele levou o chapéu?
- Não me esqueci, fica sossegada. Vai a minha irmã levá-lo! Sabes o quanto ela gosta do miúdo! Eu pus tudo na mochila e recomendei-lhe que lhe pusesse o chapéu.
- Sei. – Sorriu – Mas também sabemos os dois a quem sai o nosso pequeno, não é? A ti, passado a papel químico, meu doce! E que o chapéu vai ficar na mochila e a tua irmã não se vai lembrar de lho por. Ela estraga-o com tanto mimo! Diz-lhe que não lhe dê gelado, senão ele não vai jantar direito!
- Claro que digo!
Olhava-a, as lágrimas a correr, a queimar-lhe o rosto e um aperto tão grande, dentro dele! Como ela estava frágil!
- Ainda não te disse hoje que te amo!
- Eu já havia estranhado, Querida! Não é só o João que gosta de mimos, sabias?
Riram os dois, ela fez um esgar.
Ficou aflito! Ajeitou-lhe a almofada, e deu-lhe um beijo, doce, nos lábios.
Sentiu um prazer intenso, como se fizesse amor com ela, como se a sentisse a abraçá-lo, a sussurrar-lhe ao ouvido quanto o desejava. Naqueles segundos, voltaram a amar-se, ele entrando nela, sentindo-lhe o calor brando. Naqueles segundos, o tempo dum beijo, amaram-se intensamente. Eram um do outro, desejando-se tanto!
- Achas-me feia, não achas?
- Mas onde foste tu buscar isso, agora? Tu és a mulher mais bonita do mundo!
E já regressava ao passado, ao tempo da faculdade onde se conheceram, ao quarto que haviam alugado, uns meses depois, à desculpa que arranjaram para subirem e a dona da pensão a olhá-los, com um ar tão vivido!
- Conta-me! Quando me olhas assim, sei que estás a pensar.
- Não! Estava a olhar-te, sim, mas estava aqui, não estava longe de ti!

….

- Pai!
- Sim, filhote! Estou a ver-te correr e tens razão, essas sapatilhas são…
- São bué da fixes, não são? É como a tia diz. A tia é tão minha amiga, Pai! E tua!
Veio sentar-se ao seu lado, na relva.
- Olha, Pai, sabes uma coisa?
- Se me quiseres contar, vou saber.
Fechou o texto, no portátil e o ecrã encheu-se dum olhar dourado, meigo, frágil, duma cor que ele jamais esquecia.
- Eu sonhei, sabias?
- Sonhaste? – Perguntou, enquanto o sentava no colo.
– Se eu te disser uma coisa, não te zangas comigo?
A mãozita rechonchuda foi pousar-se na sua face. Ouvia-o mas aquele toque era tão cheio de um outro, por tão quente, tão enovelado de ternura…
- Não me zango, Campeão! Estou a ouvir-te, sou todo teu!
- Eu vi-te a chorar, Pai! Contei isso à minha prefossora. Ela é tão linda!
Sabia que a conversa ia ser difícil. Não a do seu filhote, mas as respostas que lhe queria dar, que teriam de ser como “Ela” lhe havia pedido que fossem…
- Professora, João! Ela gosta muito de ti e dos teus amigos todos!
- Pai, como é que a mãe falava comigo? Eu sonhei com ela, sabes? Era a mãe, mas a cara era a da Catarina. Tu não te zangas comigo, não?
O pai sorriu. Ele não era passado a papel químico dele, não era. Ele tinha aquela forma doce de olhar.
- São muitas perguntas ao mesmo tempo, João!
E enlevou-se a ver o miúdo a contornar o rosto na tela, aquele dedito a tocar os olhos meigos, o nariz, a fazer uma roda à volta daquela boca aberta num sorriso.
O João encostou-se no seu peito, e, sem o olhar, continuou, sem deixar que ele lhe respondesse.
-Estou a sentir o teu coração, Pai!
- Estás? É porque estás encostadinho a mim!
- Não! Estou a sentir o teu coração agarradinho ao computador! Porque é que não tens uma namorada? Podias pedir à Catarina. Ela não tem namorado que eu sei, eu perguntei-lhe!
- Filho, não ando à procura de namorada! Tenho-te a ti, tenho o meu trabalho. Não foste dizer nada à tua educadora, pois não?
- Estive quase, quase, Pai! Quando me sentei no colo para lhe contar o sonho, sabes? Ela fez-me tanta festinha no cabelo e deu-me um abraço. Não te importas pai, que eu tenha gostado de estar no colo dela?
- Deixou o filho falar. Sabia o que ele queria dizer, entendia tão bem que era mais do que natural que ele precisasse do colo de mãe.
Olhavam aquele sorriso que parecia querer sair do monitor.

….

- Vou correr um pouco a persiana, meu Amor!
- Faz isso, sim! Não te escondo que quero fechar os olhos.
Não me vais deixar nunca, não? Estou a lembrar-me de como te dizia, quando estávamos naquela pensão manhosa…
Riu-se enquanto o olhava.
- Não podias ter escolhido algo melhor? Afinal, era a nossa primeira vez, meu Amor!
- Nem tu sonhas a quantos amigos eu perguntei, mas, nenhum tinha a casa disponível. Todos nós estudávamos e todos nós estávamos em quartos alugados. Não podia levar-te e correr o risco de um deles entrar e ver-nos. Recordo-me que foi o Zé que me deu a ideia de alugar um quarto. Que ninguém iria reparar porque era uma zona…
- Nem me fales! Aquilo tinha um ambiente! Ainda estou a ver a cara da mulher a mirar-nos de cima abaixo! E o quarto, Amor, tu estás a ver aquele quarto? Era um pavor!
- Mas quando entrámos, deixou de ser! A vontade que eu tinha de te amar logo ali, ao subir das escadas. Mas contive-me! Tens que concordar que excedi todas as tuas expectativas, quando te peguei ao colo e te pousei na cama.
- Excedeste, sim! E como! Jamais esqueço!
- Perdoa! Jamais esquecemos!
Ela apertou-lhe ainda mais a mão, e do rosto, onde a havia pousado, levou-a ao peito. Ambos sabiam que ali estava o maior dos Amores, o maior dos sentimentos.
Não havia qualquer vazio, e aquele espaço, continuava belo, como se aquele seio ainda existisse, bonito, imaculado, beijado que fora por ele, pela sua boca, vezes sem fim!
- …Como te estava a dizer, não te “prenderia” jamais e que a palavra “nunca” não seria proferida por mim! Hoje abro uma excepção! Eu vou…mas nunca, nunca, te vou deixar!
Não conseguia articular uma palavra que fosse. Se o fizesse, ela perceberia o quanto ele chorava.
- Psssiut! Então? Onde está esse teu humor?
A mão dele permanecia no peito dela, sentia-lhe o pulsar do coração, transformava-o em música para que, com o som, ela não se apercebesse de que chorava. Fez um esforço para engolir tanto soluço!
- Hei, miúda! Olha que se me dizes isso, não te levo ao tasquinho onde jantámos, depois.
- Ainda existe? – Perguntou – Ainda! E o dono mandou-te um abraço e que só está à espera que lhe digamos quando lá vamos para ele te fazer aquele arroz malandrinho?
- Ai! Aquele Sr. Joaquim! Era um encanto de pessoa! Tratou-nos tão bem, recordas-te? Ofereceu a sobremesa. Como é que ele dizia que se chamava?
- Romeu e Julieta, Linda! Queijo com marmelada, em cima duma fatia de Boroa de milho!
- Era isso! Até parece que estou a sentir o sabor! Lembras-te? Ele dizia que ia mudar o nome, que ia passar a chamar-lhe “O Casalinho” porque nos via tão garotos, tão felizes!
- E estávamos! Foi um dia em cheio, aquele!

….

- Pai! Pai! Tu não me está a ouvir! Eu estava a falar-te da Catarina, da minha pressora.
- Estava a ouvir-te, sim, João!
- Tu estás a chorar! Ó pai, deixa-me limpar-te as lágrimas que o avô disse que um homem não chora!
- O avô disse-te isso? Mas um homem chora, filho! Claro que chora!
- Não! O avô disse que as sinhoras é que choram por tudo e por nada. Não vês a avó? Mal olha para a fotografia que tem, igual a esta que tens aqui no computador, ela chora!
E o avô dá-lhe mimos e diz para ela não chorar, que a mãe está lá em cima a olhar e que fica triste. Ele também me disse que até é por isso que chove, que é a mãe que está a chorar! O avô não mente, ora não, Pai?
- O avô não mente, não!
Ele estava deliciado a ouvir o filho! Que 5 anos mais bonitos ele tinha no colo! Que cinco anos tão parecidos com aquele sorriso que teimava em querer saltar do monitor!
- Então – e agarrou-lhe o rosto com as duas mãozitas – Também não vais chorar, prometes? Senão a mãe chora e já não podemos estar aqui porque começa a chover!
- Já passa, meu Amor! Vai dar mais uma corrida, vai!
- Mas prometes que pensas naquilo que te disse?
- Naquilo o quê, filho?
- Vês? Eu bem disse que num tavas a ouvir nada do que eu te estava a contar! A Catarina, Pai! A Catarina!
- Eu ouvi, sim! Olha, vamos fazer uma coisa gira, queres?
- O que é?
- Vamos passar na florista, amanhã, antes de te levar à escolinha, e, compramos-lhe uma flor e tu dás-lha, que dizes? Achas bem?
- E digo que foste tu que diste?
- Não. A flor é um presente teu! Vais ver como ela vai gostar!
- Mas eu…
- Mas eu nada! Vai dar uma corrida, vai, que depois temos que ir, que os avós estão à nossa espera ou já te esqueceste que a tua tia chega hoje e que traz o Rui, e vais brincar com ele?
- Eia!!! Já num lembraba-me dixo, pá! E trouxeste os carrinhos para eu brincar com o Rui?
- Trouxe! Estão no carro! Vá, pira-te!

….

-Manel! Manel!
Ele havia adormecido, cabeça no colo dela! Olhou-a, estava tão serena. Dormia, mão dada com a dele!
- Manel! Vem, Manito! Já telefonei aos pais. Já fui deixar o Joãozinho a casa da Joana!
- Porquê? Mas o João tem ginástica! Não o levaste à ginástica porquê? A Ana queria tanto vê-lo! Só me pediu para dormir um bocadinho mas que a acordasse quando chegassem. Bolas, Rita! Fico danado quando não me dizes nada e resolves tudo a teu belo prazer! Tinhas algum encontro, era isso? Telefonavas, e, eu ia buscar o João!
Nem notava que a irmã chorava já tanto.
- Manel, a Ana adormeceu mesmo!...
A Rita soluçava agarrada ao irmão e não conseguia continuar.
- Pois adormeceu! Sabes que ela se cansa imenso, agora! Mas vai ficar melhor!
Deixa-me! Estás agarrada a mim, porquê? ‘Tou fulo contigo, Rita!
- Manel, vais ter calma? Estou a tentar dizer-te…
Foi quando ele olhou bem a Ana, a sua Ana! Tão serena, tão calma!
Não! Impossível! Não podia ser! Só estava a dormir…Era! Só estava a dormir!
Eles prometeram que duravam até aos 100 anos!
-Mano, já está tudo tratado.
Já não ouvia nada! Sentia um aperto enorme, queria desaparecer, ir com ela, com a sua Ana…
-Deixa-me! Deixa-me, Rita! SAAAAAAAAAI DAQUI, JÁ!
Não conseguia dizer nada, não queria, ela só estava a dormir, ela prometeu!
-Ana, não me deixes! Ana, promete que só estás dormir, e que vamos falar mais, e que vais pegar na minha mão!
E chorou tanto, encostado a ela, sobre o seu peito, tentando ouvir a música, o pulsar do coração que ele amava tanto, tanto. Deu-lhe um beijo, e, naqueles segundos, amaram-se, desejaram-se, ele entrou nela, sentindo o calor brando e sussurrou-lhe ao ouvido que nunca, mas nunca se deixariam!

….

Fechou a mala do portátil, levantou-se, abriu a mochila e olhou o chapéu e sorriu, e, tal como fazia desde aquele dia, em que adormeceram, levou o pensamento até ao dela:
- Só não tinhas razão numa coisa, Ana! O João não é parecido comigo. O João és tu, sempre que o sento no colo e te sinto, quando se encosta ao meu peito e eu ouço a nossa música, o pulsar do teu coração! E sim, meu Amor, prometi-te! Te garanto que nunca te vou deixar!
Viu o miúdo a correr, feliz! Não se podia esquecer de ir à florista amanhã!
- João! – Chamou – Vamos? Despacha-te, filhote! Os avós já telefonaram e a tua tia já chegou, e, nem tu sabes, o que tens para sobremesa!
- É gelado, que eu xei! É o gelado que a Tia Rita aprendeu a fazer com a mãe!

UMA SINCERA HOMENAGEM A TODAS AS MULHERES QUE, MALOGRADAMENTE, NÃO CONSEGUIRAM "VENCER" O CANCRO DA MAMA. MERECEM POR TUDO SER EXALTADAS POR TODOS POIS QUE FORAM TAMBÉM ELAS, AUTÊNTICAS GUERREIRAS, E, LUTARAM, LUTARAM, LUTARAM!!!!POR VEZES, A VIDA PARECE SER TÃO INJUSTA!QUE AQUELE LAÇO COR DE ROSA SEJA UMA CONDECORAÇÃO PARA TODAS!

Por: Cristina Miranda
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Acerca de mim

A minha foto
Nasceu na maternidade Bensaúde na freguesia da Nossa Sr.ª de Fátima em Lisboa, no dia 9 de Abril de 1966. Vive presentemente em Mem Martins, concelho de Sintra, distrito de Lisboa. Fotógrafo por paixão, desde bem pequeno sempre admirou os trabalhos de outros fotógrafos mas só de há dois anos a esta parte se dedicou a esta bela arte. Amador e autodidacta, tem tentando aprender os segredos da fotografia; fez recentemente um curso de iniciação à fotografia e pretende fazer mais alguns. Tem ainda aprendido com outros fotógrafos, observando e lendo muito sobre o assunto. Sendo hoje um hobby, gostaria de um dia poder ir mais longe, quem sabe ligado profissionalmente a esta área, hoje é administrador de um site de fotografias nacional: www.fotogenico.net, venha inscrever-se é gratuito. Realizou algumas exposições de fotografia (“Sorrisos” e “Mar”), doando o seu trabalho em prol de um projecto de ajuda aos Mininos di Rua em Cabo Verde. Tem algumas galerias na Internet e um blog onde vai dando a conhecer o seu trabalho. Fotografias de maior interesse: Paisagens, macros, mundo animal, retratos, pôr e nascer de sol, arte digital, desporto e acção, fotografia ligada à nossa história.

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